HISTORIA DE
XANGÔ E YANSÃ
Vamos conhecer agora a história de Xangô, um orixá
bastante sedutor, que havia sido disputado por três mulheres: Oiá/Iansã, Oxum e
Obá. Estas mulheres eram as únicas que mandavam nele, embora ele acreditasse
que elas atendiam seus desejos.
Para compreender como Oiá e Xangô se apaixonaram é
preciso retroceder um pouco no tempo e lembrar do primeiro casamento de Oiá com
Ogum. Em certa ocasião, Ogum presenteou sua esposa com uma vara de Ferro, igual
a sua, que tinha o poder de dividir os homens em sete partes e as mulheres em
nove, quando tocados pela vara. Oiá acompanhava o marido em seus trabalhos.
Xangô freqüentemente visitava Ogum para vê-lo moldar o ferro e, não raras vezes,
lançava olhares de flerte para Oiá, que logo ficou encantada com a elegância
deste homem, até que um dia fugiu com ele.
Furioso, Ogum perseguiu os amantes e quando os encontrou,
ergueu sua vara mágica para atacá-los. A fim de se defender do bravo marido,
Oiá ergueu sua vara ao mesmo tempo. Ambos se tocaram na mesma hora. Ogum foi
dividido em sete partes e Oiá, em nove partes e passou a se chamar Iansã, que
significa “mãe transformada em nove”. Depois disso, Iansã foi morar com Xangô.
Certo dia, cansada de viver com Xangô, e com ciúme do seu
segundo casamento dele com Oxum, Iansã fugiu para as terras de Ogum e passou a
viver com ele. Tempos depois, ela pediu para Ogum um presente e ele lhe deu uma
espada.
Inconformado com a fuga de Iansã, Xangô saiu à sua
procura, mas quando estava aproximando-se dela, Iansã fugiu para as terras de
Oxóssi, com quem passou a viver. Depois de um tempo ela pediu ao novo marido um
presente e ele envergou sua espada, que além de cortar passou a furar. Xangô
continuou a procurar Iansã e, chegou próximo de onde ela morava. Novamente ela
fugiu, agora para as terras de Omolu, com quem se casou. Omolu também deu um
presente à Iansã, concedeu a ela o poder sobre os mortos. Com a aproximação de
Xangô, que continuava a persegui-la, Iansã foi para as terras de Exu, de quem
ganhou alguns feitiços. Sem mais lugar para fugir de seu marido, Iansã
transformou-se em uma pedra. Cansado da perseguição, Xangô colocou os pés em
cima da pedra (Iansã transformada) e disse: “Se meu coração tem de sofrer tanto
por causa de uma mulher, é melhor que venha um raio e me parta ao meio!”.
Então, o raio veio, mas atingiu a pedra, que teve seu encanto desfeito
transformando Iansã em mulher novamente. Cansada, Iansã desistiu de fugir e
voltou para casa com Xangô.
Uma outra história que envolve os amores de Xangô foi seu
terceiro casamento, com Obá. Ela nasceu de uma relação incestuosa forçada por
seu irmão Orugan com sua mãe Iemanjá. Antes de unir-se a Xangô, Obá foi casada
com Ogum e Oxóssi. Vejamos como Obá e Xangô se conheceram.
Certo dia, Xangô encontrou Obá ajoelhada sob o sol forte,
implorando aos orixás que enviassem chuva a seu povo. Comovido, Xangô atendeu
ao pedido de Obá, que ficou apaixonada com sua atitude.
Apesar de mais velha, Obá era muito bonita e atraente e
Xangô apaixonou-se por ela, levando-a para casa, tornando-a sua terceira
esposa. Porém, o amor de Xangô por Obá foi como uma chuva de verão. Xangô,
moço, cansou-se de sua terceira mulher e deixou-a de lado, dando preferência,
principalmente, para Oxum, que era jovem.
Sentindo-se abandonada, Obá pediu ajuda para Oxum, na
tentativa de reascender a paixão de Xangô por ela. Então, a ingênua Obá
deixou-se iludir por Oxum, que lhe prometeu ensinar uma fórmula para
reconquistar o amor do marido. Obá foi à casa de Oxum e viu que ela preparava
uma sopa. Um belo turbante enfeitava a cabeça de Oxum, escondendo suas orelhas.
Na panela, boiavam grandes cogumelos e Oxum disse a Obá que havia cortado as
próprias orelhas para preparar aquele prato, capaz de conquistar o amor de
Xangô. Obá acreditou e resolveu fazer o mesmo para Xangô.
No dia de cozinhar para o marido, Obá cortou uma de suas
orelhas e preparou a sopa. Quando serviu a Xangô, percebeu o que havia feito,
pois viu que Oxum tinha suas duas orelhas. Mutilada, Obá foi rejeitada por
Xangô. Furiosa com o que lhe aconteceu, Obá foi tirar satisfação com Oxum. A
briga entre elas foi tão feroz que Xangô precisou intervir. Com um grito forte
como um trovão, as duas se assustaram de tal maneira que se transformaram em
rios, o rio Obá e o rio Oxum, que em determinado ponto se encontram, formando
uma pororoca, mostrando que a luta entre elas permanece até hoje.
Esta lenda africada é rica de paixão e envolvimento. Uma
paixão claramente expressa, muito diferente do que vemos nas culturas
ocidentais, que escondem ou disfarçam seus sentimentos amorosos. As mulheres
são retratadas de uma forma bastante enriquecida, com personalidade forte,
procurando fazer-se amar pelo homem eleito. Um amor que passa pelo respeito por
si mesma, porém às vezes esse limite é ultrapassado e suas conseqüências
vividas. Um amor que procura reciprocidade e, quando não encontra, é rejeitado.
A expressão da insatisfação faz com que os amantes procurem, de alguma forma,
lidar com o fracasso amoroso, ou buscando um novo amor, ou então, lutando pela
reconquista do amor perdido.
LENDAS DE XANGÔ
(1) Quando Xangô pediu Oxum em casamento, ela disse que
aceitaria com a condição de que ele levasse o pai dela, Oxalá, nas costas para
que ele, já muito velho, pudesse assistir ao casamento. Xangô, muito esperto,
prometeu que depois do casamento carregaria o pai dela no pescoço pelo resto da
vida; e os dois se casaram. Então, Xangô arranjou uma porção de contas
vermelhas e outra de contas brancas, e fez um colar com as duas misturadas.
Colocando-o no pescoço, foi dizer a Oxum: “- Veja, eu já cumpri minha promessa.
As contas vermelhas são minhas e as brancas, de seu pai; agora eu o carrego no
pescoço para sempre.”
(2) Xangô vivia em seu reino com suas 3 mulheres ( Iansã,
Oxum e Obá ), muitos servos, exércitos, gado e riquezas. Certo dia, ele subiu
num morro próximo,junto com Iansã; ele queria testar um feitiço que inventara
para lançar raios muito fortes. Quando recitou a fórmula, ouviu-se uma série de
estrondos e muitos raios riscaram o céu. Quando tudo se acalmou, Xangô olhou em
direção à cidade e viu que seu palácio fora atingido. Ele e Iansã correram para
lá e viram que não havia sobrado nada nem ninguém. Desesperado, Xangô bateu com
os pés no chão e afundou pela terra; Iansã o imitou. Oxum e Obá viraram rios e
os 4 se tornaram Orixás.
(3) Odùdùa, um guerreiro que vinha de uma cidade do
Leste, invadiu com seu exército a capital do povo chamado Ifé. Esta cidade
depois se chamou Ilê-Ifé, quando Odùdùa se tornou seu governante. Odùdùa tinha
um filho chamado Acambi e Acambi teve sete filhos e seus filhos ou netos foram
reis de cidades importantes. A primeira filha deu-lhe um neto que governou
Egbá, a segunda foi mãe do Alaketo, o rei de Keto, o terceiro filho foi coroado
rei da cidade de Benim, o quarto foi Orungã, que veio a ser rei de Ilê-Ifé, o
quinto filho foi soberano de Xabes, o sexto, rei de Popôs, e o sétimo foi
Oraniã, que foi rei de Oyó. Esses príncipes eram vassalos do rei de Ilê-Ifé,
que então se transformou no centro de um grande império, cujo nome era Oyó.
Odùdùa era o grande rei de Oyó. Ele unificou as mais importantes cidades
daquela região, mais tarde conhecida como sendo a terra dos yorubás. Em cada
cidade ele pôs no trono um parente seu. Ele foi o grande soberano dos reinos
yorubás. Ele foi chamado o primeiro Alafim, o rei de Oyó. Quando Odùdùa morreu,
os príncipes fizeram a partilha dos bens do rei entre si e Acambi ficou como
regente do império até sua morte, nunca tendo sido, contudo, coroado rei do
império. Nunca lhe foi atribuído o título de Alafim. Com a morte de Acambi, foi
feito rei Oraniã, o mais jovem dos príncipes do império, que tinha se tornado
um homem rico e poderoso. A ancestral Ilé-Ifé era a capital dessa vasta região
conhecida como Oyó. O Alafim Oraniã foi um grande conquistador e solidificou o
poderio de Oyó.
(4) Um dia Oraniã levou seus exércitos para combater o
povo que habitava uma região a leste de seu império. Era uma guerra muito
difícil, mas, antes de ganhar a guerra, o oráculo o aconselhou a estacionar com
os seus homens, pois ali ele haveria de muito prosperar. Assim foi feito e
aquele acampamento a leste de Ilé-Ifé tornou-se uma cidade poderosa. Essa
próspera povoação foi chamada cidade de Oyó e veio a ser a grande capital do
império fundado por Odùdùa. Com a morte de Oraniã, seu filho Ajacá foi coroado
terceiro Alafim de Oyó. Ajacá, que tinha o apelido de Dadá por causa de seu
cabelo encaracolado, era um homem pacato e sensível, com pouca habilidade e
nenhum tino para governar. Dadá-Ajacá tinha um irmão que fora criado na terra
dos nupes, um povo vizinho dos yorubás, filho de Oraniã com a princesa Iamassê,
embora haja quem diga que a mãe dele foi Torossi, filha de Elempê, o rei dos
nupes, também chamados tapas. Esse filho de Oraniã era Xangô, grande guerreiro,
que fundara uma pequena cidade chamada Cossô, nas cercanias da capital Oyó.
Xangô, que era o rei de Cossô, uma cidade tributária de Oyó, um dia destronou o
irmão Ajacá-Dadá, e o exilou como rei de uma pequena cidade, onde usava uma
pequena coroa de búzios, chamada coroa de Baiani. Xangô foi assim coroado o
quarto Alafim de Oyó, governando o império de Odùdùa e Oraniã por sete anos.
Quando Xangô morreu, e dizem que foi obrigado a se enforcar num momento de
crise de seu império, seus ministros procuraram seu corpo e não encontraram.
Compreenderam então que ele tinha entrado para o Orum e instituíram seu culto.
Xangô havia se transformado em orixá
(5) Quando Xangô pediu Oxum em casamento, ela disse que
aceitaria com a condição de que ele levasse o pai dela, Oxalá, nas costas para
que ele, já muito velho, pudesse assistir ao casamento. Xangô, muito esperto,
prometeu que depois do casamento carregaria o pai dela no pescoço pelo resto da
vida; e os dois se casaram. Então, Xangô arranjou uma porção de contas
vermelhas e outra de contas brancas, e fez um colar com as duas misturadas.
Colocando-o no pescoço, foi dizer a Oxum: “- Veja, eu já cumpri minha promessa.
As contas vermelhas são minhas e as brancas, de seu pai; agora eu o carrego no
pescoço para sempre.”
(6) Xangô vivia em seu reino com suas 3 mulheres ( Iansã,
Oxum e Obá ), muitos servos, exércitos, gado e riquezas. Certo dia, ele subiu
num morro próximo, junto com Iansã; ele queria testar um feitiço que inventara
para lançar raios muito fortes. Quando recitou a fórmula, ouviu-se uma série de
estrondos e muitos raios riscaram o céu. Quando tudo se acalmou, Xangô olhou em
direção à cidade e viu que seu palácio fora atingido. Ele e Iansã correram para
lá e viram que não havia sobrado nada nem ninguém. Desesperado, Xangô bateu com
os pés no chão e afundou pela terra; Iansã o imitou. Oxum e Obá viraram rios e
os 4 se tornaram Orixás.
(7) Xangô era rei de oyó, terra de seu pai; já sua mãe
era da cidade de empê, no território de tapa. Por isso, ele não era considerado
filho legitimo da cidade. A cada comentário maldoso xangô cuspia fogo e soltava
faiscas pelo nariz. Andava pelas ruas da cidade com seu oxé, um machado de duas
pontas, que o tornava cada vez mais forte e astuto onde havia um roubo, o rei
era chamado e, com seu olhar certeiro, encontrava o ladrão onde quer que
estivesse. Para continuar reinado xangô defendia com bravura sua cidade; chegou
até a destronar o próprio irmão, dadá, de uma cidade vizinha para ampliar seu
reino. Com o prestigio conquistado, xangô ergueu um palácio com cem colunas de
bronze, no alto da cidade de kossô, para viver com suas três esposas: oyá
(yansã) amiga e guerreira; oxum, coquete e faceira e obá, amorosa e prestativa.
Para prosseguir com suas conquistas, xangô pediu ao babalaô de oyó uma fórmula
para aumentar seus poderes; este entregou-lhe uma caixinha de bronze,
recomendando que só fosse aberta em caso de extrema necessidade de defesa.
Curioso, xangô contou a yansã o ocorrido e ambos, não se contendo, abriram a
caixa antes do tempo. Imediatamente começou a relampejar e trovejar; os raios
destruíram o palácio e a cidade, matando toda a população. Não suportando tanta
tristeza, xangô afundou terra adentro, retornando ao orun.