Ê, Caveira, firma seu ponto na folha da bananeira, Exú Caveira!
Quando o galo canta é madrugada, Foi Exú na encruzilhada, batizado com dendê.
Rezo uma oração de traz pra frente, Eu queimo fogo e a chama ardente aquece Exú , Ô Laroiê. Eu ouço a gargalhada do Exú, É Caveira, o enviado de Pai Oxalá.
É ele quem comanda o cemitério, Catacumba tem mistério, seu feitiço tem axé. Ê Caveira! Ê, Caveira, afirma ponto na folha da bananeira, Exú Caveira! Na Calunga, quando ele aparece, Credo em cruz, eu rezo prece pra Exú, dono da rua.
Sinto a força deste momento, e firmo o meu pensamento nos quatro cantos da rua. E peço a ele que me proteja, Onde quer que eu esteja ao longo desta caminhada. Confio em sua ajuda verdadeira, Ele é Exú Caveira, Senhor das Encruzilhadas.
Ê Caveira ! Ê, Caveira, afirma ponto na folha da bananeira, Exú Caveira!
Muitas pessoas não compreendem bem a linha dos Caveiras, talvez pela extensa falta de informações, talvez pelo nome, talvez por colocarem essa linha em algo sobrenatural, enfim, por vários motivos e razões as pessoas, inclusive muitos umbandistas temem, evitam, e não compreendem o trabalho de caridade dessas Entidades de Luz, conhecida como Exús da linha de Caveira.
Mas ao entendermos essa linha de trabalho, podemos notar que essas Entidades sofrem uma grande demonstração de intolerância por parte de muitos seres humanos, que tem uma mente vazia, sem informações adequadas e verdadeiras, levando essas pessoas a temerem, não aceitarem, e se afastarem dessas Entidades maravilhosas e sublimes, que trabalham em prol da caridade em centenas e centenas de terreiros espalhados por todo canto.
O receio por essas Entidades nada mais é que a ignorância de julgarmos algo ou alguém pela aparência, de não tentarmos entender o porque das coisas, de não nos deixarmos refletir sobre a vida e os caminhos tomados para chegar em certas situações.
Para iniciarmos esse texto, gostaria de frisar muito bem um detalhe, todas as Entidades de Luz, que levam o nome de Caveira, sejam elas da linha masculina ou feminina, lutaram com muita dedicação, honestidade, amor e fé pelas causas de Deus.
Tomaram para si a missão de demonstrar aos seus seguidores as palavras de esperança e fé enviadas por Deus (Zambi), por Jesus Cristo (Oxalá), e por todos que pregavam a paz, o amor e esperança.
Contudo essas maravilhosas Entidades, que quando na vida terrena, poderíamos chamá-las de Profetas e Profetisas , tinham um inimigo em comum, independente da região que elas pregavam os caminhos para a luz e a esperanças das pessoas que buscavam novos caminhos, esses inimigos eram os grandes imperadores, que reinavam com mão de ferro, e não aceitavam que nenhuma pessoa, chamadas de pessoas comuns, escravos, ralé, entre outros sinônimos dados aos menos favorecidos, tentassem demonstrar alguma coisa diferente as leis sangrentas desses imperadores insaciáveis pelo poder.
Certamente quando aparecia alguém que colocava sua fé e suas esperanças acima das leis desses imperadores, a sentença era uma só, a morte.
Voltando agora a nosso tema, a linha dos Caveiras, vamos deixar claro, que todos dessa linha, sem exceção, eram distribuidores das graças e das palavras de Deus, cada um deles com sua própria história, dentro de seu tempo, de sua região, lutando contra leis injustas e sangrentas, e claro, cada qual sendo perseguido por seu algoz, sendo eles imperadores, governadores, senadores, enfim, aquele que dominava a região, normalmente pela força, escravizando povos e povos, pelo simples fato de se sentirem os mais poderosos deuses da face da terra.
Muitos que hoje se encontram em trabalho de caridade no reino espiritual e dentro da linha dos Caveiras, foram tomados como "falsos profetas", e com isso perseguidos intensamente por esses ditos poderosos.
Todos esses perseguidos, quando capturados, tinha um julgamento feito em praça pública, diante de todo o povoado, e nesse julgamento, coordenado pelo poder maior da região, eram dado duas opções ao réu, entre as opções estaria a de dizer diante de todos que não existia um Deus, que o poder divino eram de deuses, e esses deuses eram os senhores do Império. e claro que assim os poderosos cresciam diante de todo povo como únicos soberanos, no qual apenas suas leis eram válidas, destituindo a ideia de um Deus único que era Pai Supremo de toda a terra.
A outra opção era não renegar o Deus único, mostrar que dentro do ser de cada um existia sim uma força poderosa, a fé, a verdadeira fé que levaria cada um aos braços desse senhor único. Mas, ao escolherem essa opção, todos sabiam que uma sentença cruel era dada sem a menor chance ao condenado, o pregador da fé, era considerado como feiticeiro, que era adepto a bruxarias, e deveria ser queimado vivo na fogueira em praça pública, para assim servir de exemplo a toda a população.
Todos da linha dos Caveiras, jamais renegaram o nome de Deus, entregaram suas vidas, sendo queimados nas brasas ardentes, mas sempre elevando sua fé em nome do Pai Supremo.
Fogueiras eram armadas nas praças, no centro delas um mastro, tipo um tronco de torturas de escravos. Profetas e Profetisas eram amarrados nesse tronco, diante deles um algoz carrasco aguardava as ordens finais dos imperadores sanguinários, que antes de mandar executar o condenado queimando-os vivos, ainda faziam a última pergunta aos réus, para demonstrar além do poder sobre tudo e todos, mostrar ao povo mais carente que não devem abraçar causas do Deus único, pois para esses imperadores só existiam os deuses do Império, ou seja eles mesmos.
Antes da execução da pena, gritavam em alto e bom som se o condenado desejava renegar as suas crenças, e obedecerem aos deuses do Império, mas mesmo tendo a certeza de uma morte dolorida e de extrema covardia, nossos queridos Profetas e Profetisas renegavam com veemência os imperadores que se julgavam deuses.
Com isso a sentença era imposta, e nossos heróis da fé eram queimados vivos, tendo suas carnes se desprenderem de seu esqueleto, fazendo assim com que ao serem retirados dali, seus rostos, mãos, pés e todo o corpo pudessem transparecer apenas os ossos, com algum sinal da carne dilacerada.
Todos esses condenados, que não renegaram sua fé, que antes lutavam contra os imperadores para trazer as seus seguidores uma vida sem humilhações, sem fome, sem escravidão, foram abraçados pelo Deus único, que os abençoaram com a divindade de voltarem aos trabalhos de caridade aos menos favorecidos, e essa volta a caridade foi feita com a irradiação espiritual da linha abençoada, chamada da linha dos Caveiras.
Esses trabalhadores dessa linha de fé, com seu grandioso poder de humildade e fé, fizeram um pedido a Zambi, que viessem aos trabalhos de caridade com a aparência de sua última passagem na vida terrena, no instante de seus desencarnes, para que assim demonstrassem a intolerância e a covardia que sofreram enquantos encarnados, por parte dos imperadores da época, para que assim não fosse esquecido toda aquela arrogância e maldade, e assim não deixar crescer novamente a ideia de deuses do império, julgando, condenando e assassinando aqueles que só tinham no coração a bondade, a distribuição da esperança, a elevação da fé e o amor e dedicação ao Deus Único.
Por esse motivo é que essa linha de luz leva o nome de Linha dos Caveiras, e todos que nela trabalham levando a fé, amor e esperança, tem a aparência de um esqueleto. Portanto não tem nada a ver com que muita gente sem informação prega, dizendo que quem trabalha com essa linha, trabalha ao lado do mal, trabalha a favor da morte, trabalha para feitiçarias ou bruxarias.
Essa linha trabalha exclusivamente para e pela caridade em nome de Zambi (Deus) e de todos os Orixás. Como foi dito acima cada Entidade de Luz dessa linha, tem sua história no tempo de encarnado, assim como todas as Entidades trabalhadoras. Dentro dessa linha temos alquimistas, generais, padres, condes e muitas pessoas do povo, que se entregaram a sua fé e lutaram para mostrar a todos um Deus benevolente, amável e caridoso, extremamente diferente dos deuses do império.
Abaixo relacionamos alguns trabalhadores dessa linha para entendimento e esclarecimento. Exú Caveira: Foi um padre no século VII. Deixou o sacerdotismo no catolicismo por não entender o domínio dos Imperadores sobre a igreja, mesmo a igreja pregando o nome de Deus, se curvavam aos deuses do império.
Assim partiu pregando o Deus único ao povo europeu, e foi condenado a morrer na fogueira no ano de 897 DC. Tatá Caveira: Foi um agricultor e pastor de cabras e ovelhas na região do Egito, durante o século V. Tinha a ideia de pregar o amor do Deus único a todo o povo da região. Por esse motivo a aldeia onde ele vivia foi invadida pelos soldados do império, muitos foram mortos e dezenas aprisionados.
Dentre esses aprisionados, se encontrava Tatá Caveira, que nessa época tinha o nome de Próculo, em homenagem a um conhecido chefe da guarda romana, junto a ele foram presos também mais 49 seguidores da crença em um único Deus, todos julgados, condenados e queimados na cruel fogueira da intolerância. E assim foi dada a origem de senhor Tatá e sua legião de 49 Exús da linha de Caveira. João Caveira: foi um fiel conselheiro de um senhor feudal na idade média. Em um certo período, tendo ele que dar uma opinião em um caso muito complicado no feudo, devendo ele dar um parecer para que fosse decidido a questão, sendo esse fato algo que se fosse favorável, de uma forma, agradaria a todos os senhores, e de outra forma ajudaria a todos os desafortunados da região, fazendo assim a justiça acontecer naquela região sobressaltada de injustiças. Porém ao escolher o lado dos desafortunados, fez nascer a ira dos senhores feudais, que após algum tempo de uma caçada implacável, foi capturado, julgado e condenado a fogueira. Rosa Caveira: Viveu encarnada por volta do século XXXIV, sendo ela esposa de um renomado Senador Romano, que se utilizava do poder que tinha para demonstrar força e prepotência sobre o povo judeu, que fora escravizados pelo império. Rosa Caveira, que na época era conhecida como Rosa Postumio, não compartilhava com as ideias assassinas dos nobres daquela região.
Tinha no coração a bondade, a humildade, o amor pelo semelhante, coisa que era heresia nesse tempo. Foi vista pelos servos e escravos como uma benfeitora, uma verdadeira heroína. Ficou reconhecida por auxiliar, lutar e cuidar dos escravos. Com isso o grande império, determinou que ela fosse presa, contudo com o renome de seu esposo Senador, conseguiu a liberdade, com a promessa de que se tentasse novamente auxiliar os menos favorecidos, seria condenada a morte.
Ela não obedecendo, retornou a caridade, e assim, foi presa, julgada e condenada a fogueira, e seu esposo preso. Doutor Caveira ou Sete Caveiras: Viveu entre os Gauleses pelos meados do ano 700 A.C, e tinha já nessa época o dom de curar enfermos. Porém era mantido em cárcere pelo império, sendo ele obrigado a só utilizar seus dons em nobres, em guerreiros, ou em quem fosse autorizado pelo império, que lamentavelmente não era nas pessoas menos afortunadas. Quando Sete Caveiras conseguiu se desvincular de seu cárcere, fugindo para as pequenas cidadelas da região, pôs em prática seus dons de cura em favor dos adoentados desafortunados. Porém ao saber desses feitos, os senhores do império mandaram vasculhar toda a região, trazendo o Doutor Caveira capturado, e sem mesmo ser julgado, foi levado a fogueira.
Temos vários outros casos e histórias de diversos trabalhadores pela caridade nessa linha dos Caveiras, mas deixaremos apenas esses como ilustração.
Finalizando gostaria de frisar que essas Entidades maravilhosas de Luz, impõe um certo receio em algumas pessoas, mas a verdade é que esses grandes trabalhadores da seara do Pai, são Exús incompreendidos, pois sua aparência não representa a morte, mas sim a essência de todos nós seres humanos, pois sabemos que todos temos uma caveira dentro de nós. E essa simbolização representa que devemos nos livrar das coisas mundanas, e vivermos apenas pela nossa essência.
Salve nossa maravilhosa linha dos Caveiras!
Salve todos os Exús e Pombo Giras da Linha dos Caveiras! Laroiê!!!