terça-feira, 15 de agosto de 2017

Deuses Indígenas do Brasil

deuses-indios[1]

... nos esquecemos dos nossos próprios deuses nativos? Os nossos encantados trabalham com outras roupagens e a gente nem sequer dá valor a eles dentro das tradições. Acompanhe algumas informações sobre os deuses indígenas.

Nhanderuvuçu
NhanderuvuçuConhecido também como Nhamandú, Yamandú ou Nhandejara, é considerado como o deus supremo da mitologia tupi-guarani. Nhanderuvuçu não tem uma forma antropomórfica, pois é a energia que existe, sempre existiu e existirá para sempre, portanto Nhanderuvuçú existe antes mesmo de existir o Universo. No princípio ele destruiu tudo que existia e depois criou a alma, que na língua tupi-guarani se chama “Anhang” ou “añã”; “gwea” significa velho(a); portanto anhangüera “añã’gwea” significa alma antiga. Nhanderuvuçú criou as duas almas e, das duas almas (+) e (-) surgiu “anhandeci” a matéria. Depois ele desejou lagos, neblina, cerração e rios. Para tudo isso, ele criou Iara, a deusa dos lagos. Depois criou Tupã que é quem controla o clima, o tempo e o vento, Tupã manifesta-se com os raios, trovões, relâmpagos, ventos e tempestades, é Tupã quem empurra as nuvens pelo céu. Nhanderuvuçú criou também Caaporã (Caipora) o protetor das matas por si só nascidas, e protetor dos animais que vivem nas florestas, nos campos, nos rios, nos oceanos, enfim o protetor de todos os seres vivos.
Iara
IaraDeusa das águas, também conhecida como Uiara, ela é vista como uma linda sereia que vive nas profundezas do rio Amazonas, de pele parda, cabelos verdes longos e olhos castanhos.
Abaçai
AbaçaiÉ o deus da guerra, um tipo de ‘Áries’ ou ‘Marte’ dos nativos. É o espírito guerreiro que se apossa do índio que se prepara para batalhas sangrentas. Por isso, dizem que aqueles preparados para a guera estão “abaçaiados”. Nota do Perdido: Existe uma música da banda paulista O Teatro Mágico chamada Abaçaiado.
Angra
A deusa do fogo da mitologia tupi-guarani.Angra
Andurá
AnduráUma árvore fantástica e surreal, que a noite se inflama subitamente, se parecendo bastante com a forma através da qual o deus judaico-cristão se comunica com seus profetas.
Chandoré
Deus da mitologia tupi-guarani. SeguChandoréndo a lenda, teria sido enviado para matar o índio malvado Pirarucu, que desafiou Tupã, mas fracassou, pois Pirarucu se jogou no rio. Como castigo o índio transformou-se em um peixe, que leva o seu nome.
Sumé
sum_Também conhecido como Zumé, Pay Sumé ou Tumé, entre outros nomes, é a denominação de uma antiga entidade da mitologia dos povos tupis do Brasil cuja descrição variava de tribo para tribo. Tal entidade teria estado entre os índios antes da chegada dos portugueses, e transmitido uma série de conhecimentos como a agricultura, fogo e organização social, e seria uma espécie de deus das leis e das regras. Era visto com cabelos amarelos, voava por todo lugar, e inclusive mergulhava sob as águas do mar, até quando desapareceu. Sumé deixou dois filhos, Tamandaré e Ariconte, que eram muito diferentes e odiavam um o outro. Nota do Perdido: Fizemos uma postagem sobre essa divindade no blog: Pai Sumé, o Espírito Guardião do Brasil.
Rudá
rudáO deus do amor, que vive nas nuvens. Seu trabalho é o de despertar o amor no coração das mulheres. Equivalente a deusa Hathor da mitologia egípcia, Vênus da mitologia romana, e Afrodite da grega.
Tupã
Tup_deus_1Seria um tipo de líder na mitologia tupinambá, senhor dos trovões e tempestades. Em analogia simples, poderia ser comparado ao deus grego Zeus, ou mesmo ao deus nórdico Thor, pois ele compartilha a mesma explicação comum nos deuses dos povos antigos para os relâmpagos. Tupã também tem a característica da onipresença, que é muito comum nas religiões cristãs, judaica e islâmica. Os jesuítas, na época da colonização, difundiram uma opinião errônea de que o trovão em sí seria um deus indígena, sendo que na verdade, ele é apenas a maneira utilizada por Tupã para se expressar.
Jaci
JaciA deusa da Lua e da Noite seria responsável pela magia e encanto dos homens. Teria sido criada por Tupã para dar beleza à Terra. Irmã de Iara (deusa dos lagos serenos), Jaci tornou-se esposa do próprio Tupã. Outras versões da mitologia indígena dizem que Jaci seria esposa e/ou irmã Guaraci, o deus Sol. Jaci é equivalente a Vishnu dos hindus e Ísis dos egípcios.
Guaraci (ou Quaraci)
Guaraci 1Guaraci é a representação do deus Sol, responsável pela luz, vida e pureza do planeta Terra, assim como Brahma (hinduísmo) e Osíris (egípcio).
Yorixiriamori
YorixiriamoriEsse deus encantava as mulheres com seu belo canto, o que despertou a inveja dos homens que tentaram matá-lo. Por isso, ele fugiu para o céu sob a forma de um pássaro. É um personagem do famoso mito “A árvore cantante”, dos índios Ianomâmis.
Anhangá
AnhangáOs jesuítas propagaram a imagem errônea de que Anhangá seria o equivalente ao Diabo da religião Cristã, porém, Anhangá (que significa espírito) seriam almas que vagam pela Terra, que podia assumir qualquer forma, mas que seria mais visto como um veado com olhos de fogo. Além disso, Anhangá seria o protetor dos animais, protegendo-os contra caçadores. Quando um animal consegue escapar miraculosamente durante uma caça, os índios atribuem tal façanha a Anhangá. Nota do Perdido: Anhangabaú é o nome de um Ribeirão canalizado que existe na cidade de São Paulo, originalmente dado como Anhangabahy ou Anhangabahú, do tupi que significa: “Rio do mau espírito”. Os índios diziam que quem bebia dessas águas era atormentado por maus espíritos.
Jurupari
JurupariFilho da índia Ceuci, que após comer um fruto proibido para moças no período fértil (fruta mapati), ficou grávida miraculosamente, após o suco da fruta escorrer pelo seu corpo nu. Quando o conselho de anciãos soube da história de Ceuci, ela foi punida com exílio, onde teve seu filho, chamado Jurupari, enviado do deus Sol Guaraci, que teria como missão reformular os costumes e o modo de vida dos homens, que eram submetidos às mulheres. Visto como o grande Legislador, com 7 dias de vida já aparentava 10 anos de idade, e sua sabedoria atraiu as pessoas que ouviam seus ensinamentos enviados pelo deus Sol. Por sua vez, a história contada pelos jesuítas atribui Jurupari a uma espécie de demônio que visita os sonhos das pessoas, dando origem aos pesadelos, pois o ritual de Jurupari era o mais praticado na época da colonização. O ritual exclusivo para homens, inclui músicas com flautas, flagelações, tabaco e coca e alucinógenos.
Ceuci
Ceuci 1Deusa da lavoura e das moradias, representada pela estrela mais brilhante da constelação de Plêiades. Quando na Terra, era mãe de Jurupari, o enviado do Sol/Guaraci, se submeteu ao novo método patriarcal das tribos. As mulheres não podiam participar dos rituais de Jurupari, pois os deuses matariam a intrusa. Certa vez, Ceuci com saudade de seu filho, aproximou-se dele durante um cerimonial, e foi quando ela foi atingida por um raio, enviado por Tupã. Jurupari, também filho do Sol, foi enviado para ressuscitá-la, mas não o fez para não desobedecer a lei dos deuses. Ele a acalmou dizendo que iria brilhar no céu, e encontrar o deus Guaraci, e nesse momento, Jurupari chorou. Por isso, quando faz Sol e chuva ao mesmo tempo, os índios dizem que o espírito de Jurupari está por perto.
Akuanduba
AkuandubaUma divindade dos índios araras, toca a sua flauta para dar sustentação e ordem ao mundo, representando a harmonia divina.
Wanadi
WanadiDeus dos iecuanas, faz parte de um mito em que o Sol teria criado três seres vivos para habitar o mundo. Apenas Wanadi nasceu perfeito enquanto que os outros dois seriam responsáveis pelo mal do planeta.
Yebá Bëló
Yebá BëlóChamada de “mulher que apareceu do nada”, é citada como a responsável pela criação da humanidade segundo os Dessanas. De acordo com a lenda, teria moldado os homens e mulheres das folhas de coca que masca, chamadas de ipadu.
Caipora
CaiporaO nome caipora vem do tupi-guarani Caapora, e quer dizer “habitante do mato”. Caipora é representado pela forma de um índio jovem, coberto de pelos e vive montado em uma espécie de porco-do-mato. Ele é o guardião da vida animal. É ele que estala os galhos, faz assobios e dá falsas pistas para desorientar os caçadores. Reza a lenda que Caipora seria canibal, se alimentando de tudo e todos que caçam nas florestas, punindo homens, insetos ou até outros animais. Caipora é responsável por punir, principalmente, aqueles que caçam além da necessidade.
Tupi
Tupi deusPersonagem primordial de todos os povos tupis. O antepassado principal, que deu origem à todos os índios. Por isso, muitas nações tupis criaram seus nomes como homenagens a tupi: tupinambás, tupiniquins, tupiminós, tupiguaés, etc…

QUESTÕES INDÍGENAS

É o nome da lei número 6.001, publicada em 1973. Ela aborda as relações que o Estado e a sociedade devem ter a respeito das questões indígenas. Sua base foi o velho Código Civil brasileiro de 1916: Os índios sendo “relativamente incapazes” tinham que ser tutelados por um órgão, que atualmente é a Fundação Nacional do Índio, até que eles tivessem integrados totalmente às leis e costumes da sociedade brasileira.


Mas com a Constituição de 1988 isto foi rompido porque os índios tem direito de permanecer com a sua própria cultura. A Constituição, diz que é direito da União proteger e respeitar os direitos dos índios, assim como o usufruto de suas terras. Reconheceu também a defesa de seus direitos e interesses perante julgamento com a sociedade, ou seja, os indígenas podem entrar em juízo contra o Estado e o órgão tutor. Os direitos as suas terras passaram a ser reconhecidos de forma permanente.
Durante essa mudança da Constituição, foi necessária uma reformulação do Estatuto do índio, sendo que três projetos de lei foram apresentados na Câmara Federal, um de autoria do Executivo e os outros de autoria de organizações não-governamentais.
Com a criação de uma Comissão Especial (1992), para examinar as questões indígenas, em 1994 eles aprovaram um substitutivo (uma proposta de mudanças no estatuto). Antes da proposta seguir para o Senado, no mesmo ano, após as eleições presidenciais os parlamentares entraram com recurso para que ele fosse submetido ao plenário da Câmara. Desde então, o projeto encontra-se parado.
O Estatuto do Índio deve estar sempre em revisão por causa dos direitos dos povos e também pela demarcação de terras. O novo Estatuto promete colocar um fim a tutela dos índios pelo Estado.


O Índio exercendo sua cidadania
Muitas vezes, o próprio Estatuto impede o índio de recorrer a lei ou exercer o seu direito de voto (além de ele ter uma tutela estatal) como é o caso do artigo 9: eles precisam ter pelo menos 21 anos, conhecer a língua portuguesa, compreender hábitos e costumes da sociedade nacional e se qualificar para uma atividade útil da sociedade para se adequar a lei.
Contudo, aproximandamente 300 mil índios exercem sua cidadania com o título-eleitoral e são considerados na sociedade de acordo com três categorias de civilização: índios isolados, em via de integração e os integrados. Sendo estes últimos aqueles que podem votar por exercerem seus direitos civis.
É preciso definir a cultura do índio perante a lei brasileira para que tanto os órgãos que defendem quanto o próprio Estado possa tomar uma posição frente a isso. É preciso ouvir a voz dos indígenas.
Outra questão relacionada a isto são as terras. Atualmente com 615 terras indígenas, ainda existe muita terra a ser demarcada e quanto mais demora, mais conflitos entre indígenas e as populações rurais aparecem. Isso tudo poderia ser resolvido pela FUNAI, mas o órgão tem sido alvo de muitas críticas. O antigo Serviço de Proteção aos Índios (SPI), foi criado em 1910, sendo substituído pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI).

Reservas Indígenas

Segundo o Estatuto do índio, as terras indígenas são divididas de acordo com três categorias:


Segundo a Constituição de 1988, a definição das áreas indígenas são aquelas habitadas permanentemente, utilizadas em atividades produtivas, as necessárias à preservação dos recursos ambientais para o bem-estar, reprodução física e cultural, de acordo com seus usos, costumes e tradições indígenas.
Apesar das terras, os lagos e rios pertencerem a União, nenhuma pessoa, a não ser os índios podem utilizar estas áreas, assim, sendo os primeiros habitantes do local, na nova constituição eles foram considerados donos por direito, sendo responsável o Estado a delimitar essas terras. Contudo, fazendeiros, posseiros que ocupam áreas pertencentes a estes povos tornam esse processo mais difícil.
Assim o Conselho Indigenista Missionário, a Comissão Pró-índio, a Associação Brasileira de Antropologia, entre outros, pressionam a FUNAI afim de que eles possa cumprir o seu papel na defesa dos índios. Atualmente, as questões indígenas estão mais relacionadas com a demarcação de terras (acordo com os dados do IBGE, existem aproximadamente 105 milhões de hectares de terras que precisam ser demarcadas.), algumas questões relacionadas aos costumes indígenas (observe o quadro abaixo) e o racismo ambiental.


O MUNDO ESPIRITUAL DOS INDÍGENAS


Espiritual: Expressão dos Antepassados

Religião e Mitos

A palavra religião é originária do termo latino “religare”, significa a religação entre o homem e um ser divino. As referências sobre a religião dos índios brasileiros estão ligadas aos mitos de cada povo porque os próprios indígenas não usavam a palavra religião.

Eles tinham um conceito diferente do que era se religar a alguma coisa. Na verdade, para os indígenas há uma ligação com a natureza e dela com Deus.

Os mitos seriam histórias com verdades consideradas fundamentais para determinado povo ou grupo que vão caracterizá-las pela importância que eles contém. Também pode ser definido de acordo com o nível de linguagem de um indivíduo ou a forma dele se expressar e contar suas narrativas para o povo. Este, pode fazer desenhos na areia, realizar atos de performance, dançar, cantar, gesticular, tudo isso para melhor visualizar a história.

O Mito nas Sociedades Indígenas

Os mitos nas sociedades indígenas ensinam algo sobre a história dos povos e o modo de pensar de cada um deles. São capazes de exprimir sentimentos e até mostrar valores e deveres de determinada tribo. Eles precisavam atender necessidades na narrativa desses fatos e primeiro procuravam explicar como era o seu mundo (cosmologia ou teoria de mundo), as regras comportamentais da tribo e a transmissão delas para as futuras gerações.

Com um misto de criatividade entre a imaginação e os objetos do mundo natural que envolve passado, presente e futuro, o índio buscava construir algo que moldasse o mundo, na percepção dele, variando de tribo para tribo e sendo um forte caracterizador de sua identidade. O indígena depende do mundo que o cerca: meio ambiente, os ciclos que regem a natureza e a vida. Um exemplo disso é o surgimento do dia e da noite.




O Nascimento da Noite em Tupi

Um mito Tupi, chamado Tucumã, relata o surgimento da noite: A noite não existia, pois ela estava presa dentro do coco de Tucumã (palmeira) guardado por uma serpente com características humanas e poderes sobrenaturais. Como a filha dessa serpente queria consumar o seu casamento, era necessária a liberação da noite para que ela pudesse se deitar. O esposo dela enviou três índios para buscar o objeto, só que no meio do caminho, eles começaram a escutar ruídos de sapos e grilos e a curiosidade fez com que eles abrissem o fruto.

O dia escureceu e a filha da serpente tentou descobrir um jeito para separar a noite do dia. Quando surgiu a Grande estrela da Madrugada, ela criou o pássaro Cujubim afim dele cantar para nascer a manhã. Após isto, criou o pássaro Inhambu para cantar afim de nascer a tarde até que surgisse a noite, e também fez outros pássaros para animar o dia. Os índios foram amaldiçoados e se transformaram em macacos de boca preta. Além da filha da serpente, todos os seres puderam dormir.




Regras e Costumes Indígenas

Outro fato também são as regras de comportamento que seria aquilo que é moralmente correto para nós. Uma lei específica era usada por diferentes tribos. No caso do ciúme, por exemplo, há um mito que revela que um certo dia as esposas (como se fossem semi deusas) do Sol e da Lua estavam tristes porque seus maridos não tinham ciúmes delas. Assim, buscaram um remédio no pajé para aumentar o ciúme deles, que foi demasiado, fazendo com que o Sol e a Lua demonstrassem através da violência física. Com isso, elas retiram o remédio e o ciúme diminuiu.

Assim essa necessidade foi passada entre gerações, a medida que os indivíduos vão amadurecendo, nas entrelinhas das histórias, conhecem novos segredos que mudam algumas reflexões, conhecimentos e verdades.

Essas verdades são ensinadas para as crianças desde cedo, para que elas possam descobrir um mundo novo. Pelo fato dos mitos já estarem enraizados nos índios é que eles são difíceis de compreender e é necessário conhecer muito da história de determinada tribo.

No decorrer das histórias estes mitos vão se atualizando e representando uma tradição deixada pelos antepassados e estes povos foram por muitas vezes nomeados como "sem cultura". Em muitos mitos encontramos uma semelhança quanto as crenças de diferentes povos como:

Um criador (forma humana e do sexo masculino);
Um ser sobrenatural criava conhecimentos que eram passados para seres humanos;
Todos os seres humanos vem do mesmo criador;
O Sol e a Lua (filhos do criador) tinham poderes sobrenaturais e já viveram na forma humana;
Existência da vida após a morte;
Poderes sobrenaturais;
Os animais teriam uma organização social semelhante a dos índios.


Xamanismo e Rituais

O xamanismo possui um significado amplo. A definição do dicionário Michaelis esclarece o conceito, mas não mostra a complexidade existente.

Ele pode ser um ritual, uma religião, uma crença, uma forma de pensar ou de expressar teorias do mundo. Considerada uma longa filosofia de vida, o termo é antigo e partilhado pela extensão da Ásia até o extremo sul da América. Este sistema ritualístico, nos mostra a existência do “xamã”, ou sacerdotes ligados aos rituais. Sendo uma palavra semelhante a “pajé”, derivada do tupi-guarani são usados como referência para os xamãs.

O xamanismo representa uma base para os autóctones da Ásia e das Américas, sendo este, trazido pelas colonizações. Sobreposto por grandes religiões, como o budismo, o taoísmo, o cristianismo e outras, o xamanismo indígena veio sobrevivendo aos ataques das outras culturas. Até mesmo porque ele passou a ser um estilo de vida que estava presente na vida dos indígenas.

Esse tipo de religião, se é que podemos tratá-la assim, não possui verdades inquestionáveis, mas seria uma forma de conexão que os xamãs fariam para estabelecer uma ligação entre os seres humanos e os espíritos, almas de mortos e de animais que estavam no mundo cósmico. Ao invés de ter algo, um símbolo que os conecte a este mundo, os xamãs vão pessoalmente encontrar com essas entidades.


Um Ritual sem Pajé

Há tribos também que executam o ritual do xamanismo, sem que tenha um pajé ou especialista que estabeleça contato com as entidades. É o caso dos Parakanã do Xingu (região nordeste do estado do Mato Grosso). Pessoas comuns através de sonhos encontram espíritos. Eles levam as músicas que serão cantadas mais tarde na aldeia.

Quando uma pessoa está doente ou em crise, ela pode fazer ligações com o mundo sobrenatural e se renovar (limpam o sangue, os espíritos colocam poderes em seu corpo, aprende-se cânticos). Nesse momento, o índio “empajezou”, enxergando as coisas invisíveis.

De acordo com a cosmologia indígena, há dois mundos, onde uma pessoa é composta por:
Corpo, uma carcaça ou pele que proteja as almas;

Duas almas ou duplos, uma se tornará fantasma a outra terá um destino único.

Nos sonhos, na ingestão de substâncias psicoativas ou doenças, a alma sai do corpo e anda por vários lugares que os olhos humanos não conseguem ver. E, é a partir daqui que vemos a relação entre o mito e o xamanismo.

Os relatos das histórias dos ameríndios seguem essa cosmologia. Para eles, houve um tempo em que todas as espécies possuíam uma forma humana, até que algo aconteceu, e este fluxo foi interrompido. Animais (por causa de um erro que cometeram no passado) ganharam um corpo de anta, porco e outros bichos, mas continuaram com alma humana.Os humanos são os únicos que ficam com sua alma e a partilha com outras entidades que compõem a “natureza”.



O Homem e o Desequilíbrio com o Cosmos

É comum ouvirmos o termo pajelança nos rituais indígenas de xamanismo. É um termo proveniente da Floresta Amazônica, a pajelança, faz com que um elemento vivo mantenha uma relação com os reinos da natureza (mineral, vegetal e animal), e de acordo com o xamanismo indígena é praticado por curandeiros (pajés).

Este contato que o xamã tenta fazer com seres sobrenaturais muitas vezes é para equilibrar um elo que fora perdido entre os povos e meio (mente e natureza). E, nesse processo há curas, exorcismo, entre outros atos. A crença existente é que as doenças surgem no homem por um desequilíbrio causado por ele e a ordem cósmica (universo) e muitas vezes a doença pode ter sido consequência de uma comportamento errado que o indígena teve.

Há diversos rituais nas várias culturas indígenas, mas o que se destaca em cada uma delas é a forma com que é realizado. Eles fazem o inverso do que acontece nos mitos, não só contam a história em si, mas recontam-na e estabelecem uma comunicação entre todos os seres e entidades. É a partir deles que se estabelece um equilíbrio entre os mundos e é indispensável para formar pessoas e a sociedade. Ele pode ser um ritual:

- De iniciação, onde os iniciantes ou neófitos passam por um estado de liminaridade (transe);
- De guerras entre tribos, onde o ritual acontece desde o momento de confecção das armas (os índios cantam e realizam procedimentos específicos);
- Relacionado a vida social: casamento, funerais, cultos aos deuses, cura de doenças, manutenção da saúde;
- Relacionados aos fenômenos da natureza.

Em muitos desses rituais são invocados deuses que constituem diferentes tipos de elementos da natureza como: animais, ar, fogo, terra, objetos ligados a astronomia, etc. Nestes são celebrados as diferenças entre o mundo natural e o sobrenatural e entre as diferenças existentes entre os seres humanos.



O Ritual Kuarup

Um exemplo de ritual é a cerimônia conhecida como Kuarup. Um ritual das tribos de origem Tupi habitantes do Parque do Xingu. Instituído pelo deus Mavutsinim para ressuscitar os mortos, ao longo do ritual, os mortos iam se transformando em humanos através de troncos de madeira que os representavam. Só que com uma quebra na magia do ritual os troncos não puderam se transformar mais em pessoas.

Isso aconteceu porque um índio que havia tido relações sexuais resolveu espiar o ritual, mesmo sendo proibido pelo deus. Mavutsinim, revoltado com a desobediência decidiu que os mortos não voltariam mais a vida e que somente seria comemorada a cerimônia. Nota-se que para eles havia vida após a morte e que ela não era o fim. Para estes povos, mesmo não existindo uma escrita, através de rituais, mitos, elementos da natureza, acessórios para o corpo, e outros, é que existe pessoas especialistas (pajé) que tem a sensibilidade de enxergar através da natureza o mundo que gira ao seu redor.


Mas que figura curiosa é essa do pajé?

É um líder espiritual e curandeiro que tem uma importância fundamental nas tribos. Geralmente por ser mais velho, é também um homem dotado de conhecimento e da história da tribo. É ele que irá passar toda a cultura, costumes e história para as outras gerações. Sendo chamado de curandeiro em algumas tribos, ele que vai direcionar os rituais, ervas e plantas no trato de algumas doenças.
Como líder espiritual, é ele que será o xamã, ou aquela pessoa responsável por entrar em contato com os espíritos e deuses que protegem determinada tribo e de possuir poderes sobrenaturais.


Já o cacique não entra na definição acima. Ele é o chefe político que cuida dos negócios da tribo e em cada uma delas recebe denominações diferentes. Ex.: Os tupis o chamavam de moruxaua.

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