terça-feira, 30 de maio de 2017

Cristão Confuso

10 Curiosidades sobre a Umbanda.

10 curiosidades sobre umbanda

Dia desses, durante uma aula dominical, percebi uma certa confusão entre meus alunos sobre esta religião, por isso resolvi escrever o post, mesmo não querendo revisitar o assunto.

Antes, informo que a lista abaixo não faz apologia ou tenta denegrir a crença alheia. São apenas curiosidades dessa religião que se iniciou nas senzalas.


10. A Umbanda é a mistura de várias religiões.

10 curiosidades sobre umbandaRecebe o nome de Umbanda um dos vários cultos religiosos sincréticos (que procura conciliar diversas doutrinas) surgidos no Brasil, fruto do contato dos diferentes povos que contribuíram para a formação cultural e religiosa da população. A palavra umbanda deriva de m'banda, que em língua quimbundo (língua nacional de Angola) significa "sacerdote" ou "curandeiro". O culto irá combinar elementos da filosofia espírita kardecista, dos vários cultos afro-brasileiros, tradições indígenas, do cristianismo católico e modernamente, conhecimento vindo de cultos esotéricos. Por ter nascido e se desenvolvido nas classes mais humildes da população brasileira, a condução e filosofia do culto muitas vezes ainda difere, havendo visões até mesmo conflitantes acerca de vários conceitos da religião entre seus praticantes.

09. O “fundador” da Umbanda tinha 17 anos quando ingressou no Espiritismo.

10 curiosidades sobre umbandaA história da umbanda nas suas primeiras décadas se confunde com a de Zélio Fernandino de Moraes, natural de Niterói, capital do então estado do Rio de Janeiro. Zélio, acometido de estranha paralisia que desafiava os médicos, certo dia levantou-se do leito e declarou: "- Amanhã estarei curado." No dia seguinte, realmente, o jovem de 17 anos não aparentava qualquer sinal da doença.

Depois de muita discussão, um amigo da família convence todos a visitarem a Federação Espírita de Niterói e assistir uma sessão. Convidado a participar, Zélio logo é tomado de uma força sobrenatural, e diz: "-Aqui está faltando uma flor!". Em seguida, colhe uma flor do jardim do prédio e deposita-a à mesa.

Atordoados, os outros participantes da sessão começaram a incorporar espíritos que se intitulavam pretos escravos e índios (de acordo com a tradicional linha kardecista, somente espíritos "evoluídos", de doutores, intelectuais, pensadores, etc. deveriam ser incorporados; espíritos como os referidos eram considerados atrasados e deviam ser evitados). Por fim, o espírito que incorporara em Zélio se revela como o Caboclo da Sete Flechas, o senhor dos caminhos, que, desconcertado com o preconceito racial e cultural dos praticantes kardecistas, anuncia que irá criar uma nova religião onde os negros e índios considerados espíritos atrasados, poderão se manifestar e dividir com a humanidade seus conhecimentos.

Dito e feito, às 20:00 do dia 16 de novembro de 1908, manifestou-se o caboclo em Zélio, anunciando a criação da nova religião. Em nome de tal espírito, Zélio, com a ajuda de um pequeno grupo crente, passou a realizar curas e logo fundou o primeiro espaço dedicado ao culto, a Tenda de Umbanda Nossa Senhora da Piedade, registrada em cartório em 1908 e ainda funcionando.

08. A mistura das imagens católicas com símbolos do candomblé ocorreu por causa do medo dos senhores das senzalas.

10 curiosidades sobre umbanda

Os senhores escravagistas, acostumados a aplicar castigos físicos em seus escravos, associavam as doenças e males ocorridos a seus familiares aos rituais feitos nas senzalas logo após os espancamentos dos negros.

10 curiosidades sobre umbandaBuscando evitar isso, os senhores da Casa Grande trataram de “catequizar” os escravos, obrigando-os a cultuar os santos da religião católica, proibindo o que denominavam “macumba”. Com a distribuição das imagens a serem cultuadas, os africanos começaram a associar os santos com as entidades do Candomblé. A representação das matas, o orixá Oxóssi, foi ligado a São Sebastião, não pela imagem humana, mas por ela se apresentar morto e atado a uma árvore, ícone da natureza. O simbolismo da guerra de Santa Bárbara (Joana d'Arc) foi associada a Iansã, a católica Nossa Senhora com Iemanjá, Oxalá com Jesus.

Essa associação gerada como recurso para conseguir cultuar os deuses da África dura até hoje, e podem ser vistos nos altares, junto a estatuas de “eguns”, o que não era aceito na época.

07. A religião original não aceitava o contato com “Eguns” (espíritos de pessoas já falecidas).

10 curiosidades sobre umbanda

Para o africano, o contato com espíritos de pessoas que já morreram era prática condenável

( o que vai em concordância com a bíblia), mas eles acreditavam que alguns ancestrais dos escravos, anciões já falecidos das tribos escravizadas, começaram a encarnar nos escravos. Também começaram a vir índios caboclos, marinheiros ébrios, boiadeiros, crianças, entre as entidades também chamadas de exus.

Os primeiros a aceitarem esse tipo de espiritualidade foram o chamado Candomblé de Caboclo, que em 1865, bem antes do nascimento de Zélio, que viria a oficializar a religião em cartório, começou a trabalhar diretamente com essas entidades.

06. Macumba não é macumba!

No início do século XX, com o surgimento da “giras” de Umbanda, muitas vezes realizadas nas praias, começou a ser conhecida pelo termo macumba.
10 curiosidades sobre umbanda
Macumba nada mais é que um determinado tipo de reco-reco usado durante as giras; e por ser um instrumento musical, as pessoas referiam-se da seguinte forma: "Estão batendo a macumba na praia", ficando então conhecidas as giras como macumbas ou culto Omolokô. Com o passar do tempo, tudo que envolvia algo que não se enquadrava nos ensinamentos impostos pelo catolicismo, protestantismo, e outras religiões, era considerado macumba. Com isso, acabou por virar um termo pejorativo.

Então, podemos definir que um macumbeiro nada mais é que um tocador de reco-reco estilizado.

05. Exu não é necessariamente o demônio

10 curiosidades sobre umbandaO exu do candomblé é totalmente diferente do da umbanda, já que no candomblé não se encarnam espíritos, e o mesmo é um Orixá mensageiro e não possuem os atributos demoníacos atribuídos aos da umbanda.

O chamado brincalhão Exu só em um período posterior ( na fase do sincretismo) foi reinterpretado e até marginalizado nos cultos afro-brasileiros, notadamente na Umbanda.

Foi na influência Católica da colonização e formação político-social do Brasil que Exu foi associado ao demônio, mesmo antes da fundação da Umbanda. Nessa religião, entretanto, essa figura foi complementada como entidade maligna. e se tornou o representante do diabo, do perigo e da imoralidade (para o caso da Pomba-gira, entidade feminina do mesmo).

Por causa dessas características, parece que os primeiros umbandistas o associaram com eguns africanos e escravos rebeldes. Exu foi, portanto, segregado da Umbanda, e se tornou o legislador da quimbanda, do submundo ou comumente chamado Umbral (inferno espírita).

10 curiosidades sobre umbandaOutra interpretação umbandista coloca Exu na ordem evolucionista de precedência, conforme o modelo kardecista. Ele é reduzido a um espírito menos evoluído que, todavia tem potencial para evoluir e se tornar um espírito bom. Alguns umbandistas distinguem entre Exu pagão e Exu batizado, que se submeteu à doutrinação e encontrou o caminho certo da escada da evolução. Essa distinção reflete algo do caráter original ambivalente de Exu, apesar do rito de passagem do batismo, que define a distinção que é certamente nova. Novamente esse batismo do Exu pagão tem sido interpretado como uma expressão e aculturação e domesticação do mal, do perigo e da imoralidade (sucubus e incubus da teologia judaica cabalística?).

04. Existem diversas hierarquias e facções dentro da religião.

Parte da Umbanda tem relação com o Espiritismo, e assim seguem as ideias de Kardec.

10 curiosidades sobre umbandaA religião chamada kardecista foi baseada nas ideias da moda na época, em plena ascensão da ideia do Evolucionismo onde a origem da vida acontecera dentro da constante evolução das espécies. O mesmo raciocínio foi incorporado a doutrina espirita, através de seus escritos.
Por isso, no evento que deu origem a Umbanda, os kardecistas rejeitavam os eguns sem escolaridade, já que Kardec defendia que um espirito evoluía através do conhecimento intelectual. Pode ser ler em seus livros sua tese que a evolução reencarnatória acontecia nas raças, partindo pelos menos evoluídos negros até o homem caucasiano europeu, loiro e branco que, segundo ele, era a ultima fase evolutiva antes de reencarnar em outro planeta.

Dessa forma, era natural que algumas ramificações da religião defendessem a busca de evolução espiritual dos exus para seres mais evoluídos.

Alguns exemplos dessas ramificações:

 Umbanda Branca e/ou de Mesa - Nesse tipo de Umbanda, em grande parte, não encontramos elementos Africanos - Orixás -, nem o trabalho de exus e pomba giras, ou a utilização de elementos como atabaques, fumo, imagens e bebidas. Essa linha doutrinária se prende mais ao trabalho de guias como caboclos, pretos-velhos e crianças. Também podemos encontrar a utilização de livros espíritas como fonte doutrinária;
• Omolokô - Trazida da África pelo Tatá Tancredo da Silva Pinto. Onde encontramos um misto entre o culto dos Orixás e o trabalho direcionado dos Guias;
• Umbanda Traçada ou Umbandomblé - Onde existe uma diferenciação entre Umbanda e Candomblé, mas o mesmo sacerdote alterna sessões de forma diferenciada;
• Umbanda Esotérica - É diferenciada entre alguns segmentos oriundos de Oliveira Magno, Emanuel Zespo e W. W. da Matta (Mestre Yapacany), em que intitulam a Umbanda como a Aumbhandan: conjunto de leis divinas;
• Umbanda Iniciática - É derivada da Umbanda Esotérica e fundamentada pelo Mestre Rivas Neto (Escola de Síntese conduzida por Yamunisiddha Arhapiagha), onde há a busca de uma convergência doutrinária (sete ritos), e o alcance do Ombhandhum, o Ponto de Convergência e Síntese. Existe uma grande influência Oriental, principalmente em termos de mantras indianos e utilização do sânscrito;

03. O uso da vela

10 curiosidades sobre umbanda
O uso desse artefato usado pelos umbandistas foi adotado dos católicos. O simbolismo doutrinário católico associa o objeto como Deus Pai, o pavio a Jesus e a chama ao Espírito, e nada tem haver com a relação mística dada pelos cultuadores espiritas, já que associam a chama como uma espécie de sinalizador aos espíritos e que isso daria força.


Eles associam a cor da vela com o determinado tipo de espírito e sua “linha”: se verde, o espírito é das matas, se vermelha e preta, de esquerda e está ligada a exu, se vermelha e branca, ligada a Ogum (São Jorge no sincretismo), e assim por diante

Algumas vertentes católicas porém defendem o uso dessas com a intenção de auxiliar os espíritos dos mortos que peregrinam pelo purgatório.

A verdadeira origem, adotada pelos católicos dos romanos, está ainda no Velho Testamento, onde podemos ver o Menorá, castiçal judaico de ouro sendo acesso com 7 velas, simbolizando os 7 Espíritos de Deus, descritos em Apocalipse.

02. A importância dos atabaques

10 curiosidades sobre umbandaEmbora não haja “ogans” (denominação exclusiva do candomblé para os tocadores de atabaques) em ambos as religiões, o músico percussionista tem que estar “consagrado” para tocar durante as giras.

Esses instrumentos são consagrados e devem ser guardados com máxima reverência, cobertos com lençóis específicos. Eles acreditam que para cada linha existe um tipo de toque específico, e a vibração correta ajudará o médium a incorporar com maior facilidade. Inverter o tipo de batida pode causar dano ao andamento de sua cerimônia.

01. Mediunidade na Umbanda
10 curiosidades sobre umbanda
A mediunidade não é algo novo e a prática milenar é praticada por diversos povos desde a antiguidade, embora seja rejeitada pelo que está escrito na Bíblia (curiosamente, a mesma proibição de contato com eguns existe na religião que deu origem a esta). Por isso o conflito constante entre alguns cristãos evangélicos e espiritas, onde o sincretismo faz com que haja semelhança com o catolicismo, provoca um mal estar pelo “radicalismo” crente.

A médium, chamado de cavalo ou aparelho na religião, empresta o corpo para que a entidade faça uso, incluindo as habilidades motoras, a fala, o uso de bebida, tabaco.

O uso “adequado” do corpo pelas entidades é aperfeiçoado na mediunidade pela entrega das “obrigações” exigidas por cada linha (tipo de elemento da entidade) o que dará ao espírito maior controle sobre o comportamento do mesmo, o que ofenderia Deus, que não aprovaria que o corpo dado fosse utilizado por criaturas que já tiveram sua oportunidade na Terra.

CURIOSIDADE EXTRA: 

ONDE FICA ARUANDA, O CÉU DOS UMBANDISTAS?:

Toda religião tem seu paraíso.

Os cristãos esperam ir a Glória com Jesus assim como os católicos esperam o paraíso com Maria, mãe de Deus. Os islâmicos esperam por suas 40 virgens patrocinadas por Alá. Pelos séculos, as religiões definem seu lugar de descanso e paz por se acharem bons o suficiente para isso.

Na umbanda, o lugar de passagem (já que creem na reencarnação evolutiva de Kardec, incompatível com a crença nas entidades que os usam que permanecem incorporando sem reencarnar) chama-se Aruanda, e segundo eles é uma cidadela de luz etérea que orbitaria a ionosfera do planeta Terra, em uma dimensão espiritual de transição (isso não é necessariamente uma unanimidade).

A origem da palavra, claro, vem dos africanos, e era o lugar que eles diziam que queriam voltar um dia.

Na verdade, é um nome que o nome dado ao porto de São Paulo, em Luanda, o principal de sua terra natal Angola.

10 curiosidades sobre umbanda

segunda-feira, 29 de maio de 2017

Facebook

http://www.facebook.com/ileyorima

EXUS DE UMBANDA

De acordo com o que apregoam a Umbanda e o Candomblé, são espíritos de diversos níveis de luz que podem ou não incorporar nos médiuns de UmbandaJuremaOmolokôCandomblé de Caboclo, entre outras religiões afro-brasileiras.
Nos Candomblés puros, de nação, como Jeje Mahi, Keto, Angola, Ijexá e Nagô, normalmente não há incorporação de espíritos, apenas manifestação de Orixás, que são entidades de altíssimo poder, representantes das forças da natureza, e que ocupam o topo da hierarquia espiritual dentro dos cultos de origem africana. A grande diferença do Orixá para a simples entidade espiritual ou catiço reside no fato de que esses últimos foram pessoas comuns, que viveram na Terra e no momento ocupam a condição de desencarnados. Amanhã ou depois podem estar de volta à matéria, conforme os desígnios de Deus. O Orixá é representante de uma força da natureza e não está sujeito a esse ciclo de reencarnações. É um espírito maior.
Nos Candomblés de Caboclo, no entanto, que não deixa de ser um tipo de Umbanda, podem ser encontradas casas que adotem a incorporação de Exus, Pomba-Giras, Caboclos, Boiadeiros, Marinheiros e outras entidades espirituais.
Todavia, o Orixá Exu, cultuado somente nas nações de Candomblé, é considerado uma divindade. Domina os Filhos de Santo que o carregam em seus oris, mas esse domínio difere em muito daquele incorporação que ocorre na Umbanda, onde se manifesta para dar consultas. O Exu de Umbanda é uma entidade, o espírito de alguém que nasceu e morreu, portanto pertence ao chamado povo de rua ou catiço.

Exu Tata Caveira
Exu é denominação genérica.
Pode haver o masculino, chamado simplesmente de Exu, e também o elemento do gênero feminino, chamado de Exu Mulher, Pomba Gira, Pombogira, Pombajira ou Bombogira, que são corruptelas do vocábulo yorubá Pambu Njila, que simplesmente significa Exu. Ela é uma entidade que pertenceu, em sua última existência, ao gênero feminino, e que por inúmeras razões foi agregada a uma das muitas linhas de Exus Mulheres e veio trabalhar na Umbanda, assim como ocorre com os Exus masculinos. É, portanto, a personificação feminina de Exu, por isso se reveste de uma auréola de mistério e sensualidade que desperta a atenção de todos nas casas de culto das religiões afro-brasileiras.
Quando incorporam, os Exus masculinos costumam se caracterizar com capas, cartolas e bengalas. As Pomba Giras vestem saias rodadas, usam brincospulseirasperfumes e rosas. Mas, não é obrigatório que os médiuns se utilizem dessas vestimentas para a incorporação. Cada terreiro trabalha de forma autônoma. Alguns centros uniformizam a roupa dos médiuns; todos, por exemplo, vestem branco.

HistóriaEditar

Exu, que entre outras coisas é o Mensageiro dos Orixás no Candomblé, tem origem na religião africana, de modo que apenas em um período posterior, na fase do sincretismo, foi reinterpretado e até marginalizado nos cultos afro-brasileiros, notadamente na Umbanda. Aliás, pela influência Católica na colonização e formação político-social do Brasil, Exu foi associado com o demônio mesmo antes da fundação da Umbanda. Nessa religião, entretanto, essa figura foi complementada como entidade maligna. Exu se tornou, para quem ignora as característica e os fundamentos das religiões afro-brasileiras, o representante do demônio, do perigo e da imoralidade. Por isso, parece que os primeiros umbandistas o associaram com africanos e escravos rebeldes. Exu foi, portanto, segregado da Umbanda, e se tornou o legislador da Quimbanda, do submundo. Mas muitos centros que não praticam a Quimbanda permitem a incorporação de Exus. Muitos deles nem mesmo usam bebidas alcoólicas e nem fazem quaisquer apologias a vícios. Nem todos são risonhos e brincalhões. Muitos são sérios e exigem atitudes corrtetas de seus médiuns e de seus consulentes.
Outra interpretação umbandista coloca Exu na ordem evolucionista de precedência, conforme o modelo kardecista. Ele é reduzido a um espírito menos evoluído, que todavia tem potencial para evoluir e se tornar um espírito bom. o que nem sempre parece ser verdade, pois há muitos Exus altamente evoluídos. Alguns umbandistas distinguem entre Exu pagão e Exu batizado, que se submeteu à doutrinação e encontrou o caminho certo da escada da evolução. Em verdade, existem três patamares básicos onde se pode posicionar um Exu: o primeiro é o nível de zombeteiro, no qual o Exu ainda não se conscientizou de que deve buscar a, luz. É o Exu pagão. Quer apenas bebidas alcoólicas e brincadeiras. Mas, ao final desse ciclo, enxerga que não vai evoluir enquanto permanecer realizando tais proezas. E passa ao nível de Exu de linha, trabalhando sob a supervisão de entidades que o fiscalizam e determinam tarefas a serem cumpridas na espiritualidade. Ao final desse ciclo, é um Exu Batizado ou Coroado. O terceiro nível é o de Exu Bará ou servidor de um Orixá. Ao atingir esse nível, pode o Exu deixar de incorporar em médiuns e permanecer apenas realizando tarefas na espiritualidade, sob as ordens diretas de seu Orixá Regente. Essa distinção reflete algo do caráter original ambivalente de Exu, apesar do rito de passagem do batismo, que define a distinção que é certamente nova. Novamente esse batismo do Exu pagão tem sido interpretado como uma expressão e aculturação e domesticação do mal, do perigo e da imoralidade.
Há ainda outra interpretação que considera os Exus como entidades espirituais com a mesma evolução das demais entidades, como caboclos e pretos-velhos, apenas posicionado em uma linha de trabalho diferente e estigmatizada muitas vezes até mesmo pelos próprios espiritualistas. Não existe, portanto, a noção de que eles são pouco evoluídos ou que se dedicam à prática da magia negra. Exus evoluem, sim, mas dentro de sua linha, como qualquer outra entidade. Por isso, existem os pouco evoluídos e os que estão evoluindo, os que atingiram o nível de Exu batizado e já trabalham dentro de uma linha que exige correção e boa conduta, e os Exus Barás ou servidores de um Orixá.
Há quem creia que os Exus são entidades (espíritos) que só fazem o bem e outros que creem que podem também ser neutros ou maus. Dividem-se, de acordo com uma hierarquia espiritual, em falanges, sub-falanges, grupos e sub-grupos. Observa-se que, não raro, alguns terreiros de Umbanda, e mesmo de Candomblé, não orientam seus médiuns quanto à natureza dessas entidades, o que é um erro muito grave. Muitos confundem Exu com um obsessor ou com um espírito de baixa evolução espiritual e moral, quando isso não é verdade. Essas entidades não devem ser confundidas com os chamados obsessores. Ao contrário, ficam sob o seu controle os espíritos mais atrasados na evolução, que são por eles orientados para que consigam evoluir através de trabalhos espirituais feitos para o bem.

Exu Meia-Noite
O poder de se comunicar confere a ele também o oposto, a possibilidade de desligar e comprometer qualquer comunicação. Se possibilita a construção, Exu também permite a destruição. Esse poder foi traduzido mitologicamente no fato de habitar as encruzilhadascemitérios, em suma, as passagens. Portanto, os diferentes e vários cruzamentos entre caminhos e rotas lhe faz o senhor das entradas e saídas. É o dono dos caminhos, o que abre e fecha o acesso do ser humano às fortunas e à felicidade.
Há algumas diferenças na maneira de conceber o Exu no Candomblé e na Umbanda. No primeiro, é como os demais Orixás, uma personalização de fenômenos e energias naturais. O Candomblé considera que as divindades, ou seja, os Orixás, entram em transe nos médiuns, intitulados cavalos ou aparelhos, mas não há consultas. Apenas se manifestam nas festas devidamente caracterizados e paramentados. Já na Umbanda, o Exu é uma entidade que normalmente incorpora e promove consultas incorporado em seu médium, como outras entidades, tais quais, os caboclospretos-velhoscrianças, os falangeiros de orixás, também denominados mensageiros, e outras várias entidades.
A Umbanda considera os Exus como entidades que buscam, através da caridade, a evolução espiritual. Em síntese, o grande agente mágico do equilíbrio universal. Também é o guardião dos trabalhos de magia, pela qual opera com as forças do astral. E também são considerados "policiais", "sentinelas", "seguranças" que agem pela Lei, no submundo do "crime" organizado e principalmente policiando seu médium médium no seu dia a dia. As falanges de Exus sempre estão nas zonas consideradas infernais, embora delas não façam parte. Com efeito, realizam os seus trabalhos de guarda em todas as partes onde são necessários. Certos Exus guardam entradas de hospitais, necrotérios e cemitérios para impedir que kiumbas, espíritos sem evolução, de natureza vampiresca e zombeteira, se alimentem do duplo etéreo dos que estão à beira da morte ou daqueles que desencarnaram recentemente. A força vital permanece nos corpos sem vida e não deve ser sugada para alimentar almas que desejam praticar o mal. Esses espíritos devem ser impedidos de qualquer maneira. Participam também do resgate de almas localizadas em zonas inferiores, os chamados umbrais.
O plano astral também é morada de miríades de espíritos que perseveram no mal. Alguns deles estabelecem uma prática na espiritualidade de obsidiar desencarnados e até encarnados. O trabalho dos Exus é não permitir que consigam influenciar espíritos e pessoas vivas a ponto de elastecer seus tentáculos e criar verdadeiras frentes de maldade espiritual e material. Esse combate é árduo e permanente. Os Exus chefes de falange, geralmente Coroados ou Barás de Orixá, podem ser equiparados a verdadeiros generais que promovem vigília e combate, além do comando de inúmeras falanges.

Exu do Lodo
Mesmo os chamados chefes também obedecem à severa hierarquia dos comandos do astral.
Os Exus obedecem, ainda, a um divisão maior, que os aponta como Exus da estrada, da encruzilhada, do cemitério, da beira do mar e das cidades.
Esses espíritos se utilizam de energias mais "densas" ou materiais. Nota-se que essas entidades podem realizar trabalhos benignos, como curas, orientação em todos os setores da vida pessoal dos consulentes e praticar a caridade em geral. A condição de Exu para um espírito é transitória, podendo este, uma vez redimidas suas dívidas perante a Lei Divina, reencarnar, resgatar o restante de seus carma e seguir escalas mais elevadas de evolução.
Os trabalhos malignos não são acordos efetuados com os Exus, mas sim com Kiumbas, que agem nas sombras e não estão sob a orientação de nenhum guia, mas que podem se fazer passar por um, atuando em terreiros que não praticam os fundamentos básicos da Umbanda, que são a existência de um Deus único, crença em entidades espirituais em evolução, Orixás que formam a hierarquia espiritual, guias mensageiros, na existência da alma, na prática da mediunidade sob forma de desenvolvimento espiritual do médium, além da caridade gratuita a quem necessita. O objetivo é sempre proporcionar vibrações positivas através da fé, amor e respeito ao próximo. Alguns centros ditos de Umbanda se servem apenas para ganho pessoal do seu pai-de-santo ou sacerdote. Reuniões em que há a incorporação de exus, por exemplo, não pode haver nenhum tipo de cobrança ao visitante, seja de dinheiro ou de qualquer outra natureza.
Os Exus infelizmente são confundidos com os kiumbas, que são espíritos trevosos ou obsessores que se encontram desajustados perante a Lei Divina. São responsáveis pelos mais variados distúrbios morais e mentais nas pessoas, desde pequenas confusões, até as mais duras e tristes obsessões. Comparados ao Diabo dos Católicos, são espíritos que se comprazem na prática do mal, apenas por sentirem prazer ou vingança, calcados no ódio doentio. Aguardam, portanto, que a Lei os recupere da melhor maneira. Vivem no baixo astral, onde as vibrações energéticas são pesadas. Trata-se de uma enorme egrégora formada pelos maus pensamentos e oriundos dos espíritos encarnados e desencarnados. Sentimentos baixos, tais quais, paixões desenfreadas, ódiosrancoresraivasvingançassensualidade exagerada e vícios de toda estirpe alimentam essa faixa vibracional da qual os kiumbas se comprazem, já que se sentem mais fortalecidos com a energia negativa que por eles é absorvida.
O verdadeiro Exu é uma entidade guardiã empenhada em uma missão maior, por isso não faz mal a ninguém. Seu objetivo é auxiliar as pessoas com fé e respeito. Alguns exus foram, quando reencarnados, pessoas importantes, como políticosmédicosadvogados, industriais, mas também trabalhadores, pessoas comuns, padres, escravos, saltimbancos que cometeram alguma falha e escolheram ou foram escolhidos para assumir essa roupagem espiritual com o fim de redimirem seus erros pretéritos. Outros são espíritos mais evoluídos que optaram por orientar os seus médiuns. Em seus trabalhos de magia, o exu corta demandas, desfaz trabalhos malignos, feitiços e magia negra, efetuados por espíritos sem evolução. Ajudam a limpar ambientes, retirando os obsessores e os encaminhando para à luz ou para que possam cumprir suas penas no astral inferior.

Exu Tranca-Ruas
Uma verdadeira casa de caridade é sempre reconhecida pela gratuidade dos serviços prestados a quem procura ajuda em um terreiro de Umbanda.
Alguns espíritos, que usam indevidamente o nome de Exu, procuram realizar trabalhos de magia dirigida contra os encarnados. Na realidade, quem está agindo é um espírito atrasado. É justamente contra as influências maléficas, o pensamento doentio desses feiticeiros improvisados, que entra em ação o verdadeiro exu, atraindo os obsessores ainda ignorantes e procurando trazê-los para suas falanges que trabalham visando à própria evolução.
O chamado Exu pagão é tido como aquele sem luz, sem conhecimento e pouca evolução, ainda não pronto para o despertar à caridade.
Já o exu batizado é uma alma já sensibilizada pelo bem que já evoluiu e trabalha para o próximo, dentro do reino da Quimbanda, por ser uma força ajustável ao meio podendo intervir como um policial que penetra nos reinos da marginalidade para fins de resgate e limpeza.
Não se deve, entretanto, confundir um verdadeiro Exu com espíritos zombeteiros, mistificadores, obsessores ou perturbadores, que recebem ou deveriam receber a denominação de kiumbas e que, não raro, mistificam e iludem os presentes, se passando por guias.
Para evitar essa confusão, não se concede aos chamados exus pagãos a denominação de exu, classificando-os apenas como kiumbas. E reserva-se para os ditos exus batizados e coroados a denominação de exu.
Os exus mais evoluídos são chamados de Exus coroados e, acima desse nível, os Exus Barás. Dentre esses, podem ser citados o Exu Rei, Exu Marabô, Tranca Rua das Almas, Tranca Rua da Praia, Tranca Rua do Luar, Tranca Rua do Embaré, Exu Tiriri de Umbanda, Exu Tiriri Lonan, Exu Caveira, João Caveira e Tatá Caveira, Exu do Lodo, Exu das Sete Encruzilhadas, Exu Pimenta, Exu Porteira, Exu Calunga, entre outros. As Pombas Giras mais conhecidas são Maria Padilha, Maria Molambo, Pomba Gira Rainha, Rosa Caveira, Sete Saias e Pomba Gira Cigana.
A evolução é uma regra constante no Universo. A Criação Divina nunca cessa. Não ficou restrita - e nem poderia - ao Fiat Genesíaco relatado na Bíblia. A Criação ainda prossegue, juntamente com a evolução espiritual de cada um, nesse caminho que as criaturas trilham na direção de seu Criador. Por isso, os Exus também evoluem. Muitas entidades dessa linha, outrora presentes nos terreiros, hoje já não são mais encontradas ou se encontram em um processo de gradativo desaparecimento. O primeiro caso que salta aos olhos é o do Exu Seu Sete, Rei da Lira, famoso nos anos 70 do século XX por participar de programas de televisão nos quais fez quase todos os presentes entrarem em transe. Houve casos de pessoas que assistiam aos programas em suas residências e ali simplesmente incorporaram. Dizem que até dona Cyla Médice, primeira dama do Brasil, recebeu uma entidade diante do televisor e ao lado do Presidente da República. Seu Sete da Lira não tem sido visto em terreiros há pelo menos uns 40 anos. O mesmo ocorre com o Exu Aleijadinho, que há décadas não é localizado em qualquer casa de Santo. A mesma sorte seguem o Exu Toquinho, o Exu Campina e o Exu Correnteza, há muito desaparecidos dos terreiros. Tranca Rua do Omulu das Vinte e Sete Magias também é outra linhagem praticamente extinta nas casas de umbanda, assim como a do Exu das Matas.
O que pode ter ocorrido com tais entidades?
Evoluíram.
Ou os membros de suas inúmeras falanges tornaram-se Barás e não mais regressaram aos terreiros, ou reencarnaram para acertar eventuais débitos na Terra e depois regressar à espiritualidade para prosseguir com sua evolução, sob a forma de Exu ou de outra entidade..
Assim deve caminhar a vida, inclusive a dos Exus...

quarta-feira, 17 de maio de 2017

VAMPIRISMO SEXUAL

Vampirismo é um tipo de obsessão no campo das viciações sensoriais e essa denominação decorre de sua principal característica, que é a sucção de energias vitais da vítima por esses obsessores.

Equipe Consciência Espírita

Em seu livro Mediunidade, no capítulo VIII, o jornalista, escritor, filósofo e professor J. Herculano Pires, tratando dos problemas da obsessão, faz referências à existência de certas formas de vampirismo, como a sexual, que viola princípios morais e religiosos. Estudada pelos estudiosos e pesquisadores, mas muito pouco tratada no espiritismo em virtude do escândalo que provoca, muitas vezes causando perturbações a criaturas simples ou excessivamente sensíveis.


As três categorias de obsessão

Para compreendermos esse delicado e urgente assunto é necessário conhecer algo do mecanismo das perturbações espirituais. “A obsessão é uma infestação da alma, semelhante à infecção do corpo carnal, produzida por vírus e bactérias”, compara o professor.

Kardec classificou a obsessão em três categorias: obsessão simples, subjugação e fascinação. “O primeiro tipo se caracteriza por perturbações mentais e alterações de comportamento, sem muita gravidade. O segundo, pelo domínio do corpo, produzindo-lhe os chamados tiques nervosos e sujeitando-o a atitudes ridículas em público. O terceiro consiste no domínio hipnótico de corpo e alma, através de um processo de fascinação que deforma a personalidade”, lembra Herculano Pires.


Viciações sensoriais

No caso do vampirismo trata-se de “um tipo de obsessão no campo das viciações sensoriais e essa denominação decorre de sua principal característica, que é a sucção de energias vitais da vítima por esses obsessores”. Já no vampirismo sexual a ligação perturbadora por parte do obsedado se dá com espíritos inferiores que se deixaram arrastar nos delírios da sensualidade e continuam nessa situação após a morte.
Modalidade grave de perturbação espiritual, “o vampirismo sexual pode reduzir o obsedado à inutilidade, afetando-lhe o cérebro e o sistema nervoso, tirando-lhe toda disposição para atividades sérias”. Traduz-se em incontáveis “casos de sexualidade mórbida, exasperada pela atividade dos vampiros”, enfatiza.


Uma parceria sinistra

Para mostrar a complexidade do problema, que acomete tanto héteros quanto homossexuais, o professor Herculano Pires relata um fato ocorrido com um jovem recém saído da adolescência. O caso foi testemunhado por ele próprio e bem ilustra o quanto o vampirismo é uma parceria sinistra.
Conta ele:
“Um jovem de pouco mais de vinte anos procurou-nos para expor o seu caso. Começou dizendo em lágrimas, de mãos trêmulas: ‘Sou um desgraçado que goza mais do que muitos rapazes felizes. Toda noite sou procurado em meu leito por uma deidade loira e belíssima, extremamente amorosa, que se entrega a mim. É uma criatura espiritual, bem sei, e não quero aceitá-la, mas não posso repeli-la. Após, ela desaparece como nos contos de fadas e eu me levanto e grito por ela em tamanho desespero que acordo os vizinhos. Todos pensam que sou um sonâmbulo ou um louco. Ajude-me, por piedade!’”

Relata o professor que o caso vinha de longe, desde os 16 anos. A jovem lhe aparecera pela primeira vez como sua filha de outra encarnação. Na verdade,“essa referência filial era um embuste”, observa o professor, um engodo“destinado a aumentar as sensações com o excitante do pecado. Seis anos depois o reencontro por acaso. Fugira envergonhado pela confissão e com medo de que o libertássemos da obsessão. Mas já parecia um velho, cada vez mais trêmulo e de cabelos precocemente grisalhos. Prometeu ir ao centro que lhe indicamos, mas não foi. O vampirismo o exauria e deve tê-lo levado a morte precoce.”

Esclarece o professor que casos desta espécie são mais freqüentes do que geralmente supomos, mas permanecem em sigilo. “A situação de ambivalência da vítima auxilia o vampirismo destruidor”, lamenta.


Tendências, desvios e provações

Segundo Herculano Pires, tendências e desvios sexuais têm procedências diversas e suas raízes genésicas podem vir de profundidades insondáveis. Ele pondera que “a própria filogênese do sexo, que começa aparentemente no reino mineral, passando ao vegetal e ao animal, para depois chegar no homem, apresentando enorme variação de formas, inclusive a autogênese dos vírus e das células e a bissexualidade dos hermafroditas, justifica o aparecimento de desvios sexuais congênitos”.

Mais próximos de nós nas linhas de hereditariedade germinal cita “os ritos da virilidade de antigas civilizações entre as quais a Grécia e a Roma arcaicas, onde em várias épocas esses ritos vigoraram de maneira obrigatória, como em Esparta, onde os efebos, adolescentes, deviam receber a virilidade transmitida por homens adultos e viris através da prática homossexual”.

No entender de Herculano Pires esses episódios fornecem elementos possíveis de explicação para o fenômeno dos desvios sexuais, uma vez que as sensações dessas experiências vivenciadas, além da hereditariedade filogenética, se gravam, de maneira mais ou menos intensa, nas estruturas supersensíveis do perispírito, projetando-se em formas dinâmicas na memória profunda ou inconsciente. “Essas formas sensoriais podem aflorar na afetividade atual, atraídas por sensações afins, no processo do associacionismo sensorial. Tudo, isso, entretanto, não elimina a tendência à normalidade da espécie, principalmente num sistema básico como a da reprodução”, reflete Herculano.

Influências espirituais perturbadoras no homossexualismo adquirido
Para o filósofo, no entanto, a maioria dos casos do chamado homossexualismo adquirido, senão todos, provém de atuação obsessiva de entidades atormentadas, entregues aos desvarios dos instintos inferiores, que potencializam as tendências de suas vítimas. Mas acrescenta: “a responsabilidade não é só dessas entidades, é também das vítimas que, de uma forma ou de outra, se deixaram dominar pelos primeiros impulsos obsessivos ou até mesmo provocaram a aproximação das entidades”.

Em vários casos dessa natureza há ainda os motivos de provação, “decorrentes de atrocidades praticadas no passado pelas vítimas atuais, que são agora colocadas na mesma posição em que colocaram criaturas inocentes em encarnações anteriores”, segundo os mecanismos de ação e reação das leis divinas.

É necessário transcender a visão parcial e materialista dos problemas sexuais, que tem suas raízes no espírito reencarnado

“A lei de causa e efeito, o carma da terminologia indiana, colhe suas vítimas geralmente no período da adolescência, quando essas ocorrências são mais favorecidas pela crise de transição da idade. Mas também há casos ocorridos na idade madura e na velhice, dependentes, ao que parece de crises típicas desses períodos. Nos casos chamados de perversão constitucional a presença dos obsessores não está excluída, pois eles são fatalmente atraídos e ligam-se às vítimas excitando-lhes as sensações e agravando-lhes a perturbação”, observa o professor Herculano Pires.

Uma vez que as tendências anormais (estando elas enraizadas no espírito reencarnado) aparecem como conseqüências de faltas ou crimes dos indivíduos que as sofrem, sempre com a finalidade de superá-las na encarnação presente, a meta deve ser jamais entregar-se ao dar vazão deliberada a essas tendências e desvios.

O vampirismo cessa no momento em que o obsedado se dispõe a reintegrar-se em si mesmo

E aqui, uma importante observação é feita por Herculano: “a objeção psiquiátrica e psicológica de que a repressão produz recalques, frustrações, traumas e outras conseqüências desastrosas para o indivíduo provêm da visão parcial do problema no campo materialista. Todas as vitórias do homem no sentido de seu ajustamento às condições normais da espécie são recompensadas com a tranqüilidade proporcionada pelo ajuste, eliminando a inquietação do desajuste. Um ser bem integrado em sua espécie corresponde à ordem natural da realidade e às exigências de transcendência de sua própria existência”.

Nesse sentido, orienta o professor que “o vampirismo cessa no momento em que o obsedado se dispõe a reintegrar-se em si mesmo, na posse de sua personalidade, não aceitando sugestões e infiltrações de vontade estranha em sua vontade pessoal e soberana”.


Os direitos do ser espiritual em evolução

Uma vez que tanto lutamos por fazer valer os direitos humanos, Herculano vai além, conclamando os espíritas a refletirem sobre a problemática do vampirismo, implícito nos lamentáveis desvios da sexualidade que, desafortunadamente, vem drenando moral e espiritualmente indivíduos e famílias inteiras em todos os segmentos da sociedade contemporânea: “Cabe aos espíritas, que conhecem a outra face da existência, medir a distância qualitativa entre o entregar-se às forças negativas do passado, como escravos de uma situação miserável entre os homens, e o ato de empossar-se nos seus direitos de criatura humana em evolução, avançando na direção dos anseios superiores da sua consciência humana”.

E acrescenta: “A psiquiatria materialista, que desconhece os processos dinâmicos do espírito, pode considerar esses casos como irremediáveis e recorrer ao processo escuso de normalizar o anormal. Mas o espiritismo nos fornece os recursos do esclarecimento científico e racional do problema”.


Auxílio dos centros e grupos espíritas idôneos

O professor Herculano Pires nos leva a refletir que “nos centros e grupos espíritas bem orientados, as perturbações espirituais de ordem sexual são tratadas de maneira especial, em pequenas reuniões privativas, com médiuns que disponham de condições para enfrentar o problema. Como no caso das obsessões alcoólicas, toxicômanas e outras do mesmo gênero, é necessário o máximo cuidado na seleção das pessoas que vão tratar do assunto e o maior sigilo e respeito, a fim de evitar-se o prejuízo dos comentários negativos, que influem fatalmente sobre o caso, provocando agravamentos inesperados da situação das vítimas”.


Despertando a vontade anestesiada

Herculano ainda relata um penoso caso por ele acompanhado de homossexualidade adquirida em que o obsedado reintegrou-se após dez anos de luta solitária, conscientizando-se de seu problema, esforçando-se em superá-lo através da terapêutica espírita e do recolhimento fortalecedor da prece.

Segundo relatou ao professor, sua mãe, já desencarnada, o auxiliava através de aparições periódicas, sem nada dizer, mas de olhos cheios de lágrimas.“Graças a essa ajuda materna conseguiu despertar a sua vontade anestesiada e livrar-se das tentações vampirescas”.

Comenta ainda Herculano que esse companheiro tornou-se espírita e casou-se. Hoje freqüenta regularmente um centro espírita em São Paulo e se interessa especialmente pelos casos de vampirismo. “Quer pagar com o seu auxílio aos outros o benefício imenso que recebeu. Ninguém sabe nada do seu passado infeliz e todos o consideram e estimam. Não foi esse o caso de Madalena, que Jesus socorreu e transformou na primeira testemunha da sua ressurreição?”questiona o professor.


Conclusão

Referindo-se aos recursos espíritas nos casos de vampirismo, conclui Herculano que graças a essa luz divina no campo da comunicação — que é a mediunidade — “as mães sofredoras, que deixaram filhos no mundo em resgates dolorosos, conseguem socorrê-los e libertá-los de provas esmagadoras, que os homens, em geral, só sabem aumentar e agravar”.

E dirigindo-se aos médiuns que laboram anônima e desinteressadamente nas casas espíritas, enfatiza: “Os médiuns precisam conhecer esses episódios emocionantes, para compreenderem o esplendor secreto de sua missão e a utilidade superior e humilde do mediunato que lhes foi concedido. Chegou a hora em que esses fatos secretos devem ser proclamados de cima dos telhados, segundo a previsão de Jesus registrada nos Evangelhos. Mais do que nunca se comprova o adágio: ‘Ajuda-te e o Céu te ajudará".


HISTORIA DE XANGÔ E YANSÃ

HISTORIA DE XANGÔ E YANSÃ Vamos conhecer agora a história de Xangô, um orixá bastante sedutor, que havia sido disputado por três mulh...