Àbíkú e Egbé orún: (awomawu – ogbanje – danwabi – kosamah)
Muitas pessoas do culto ao candomblé ainda tem este tema como obscuro, cheios de utopias e ilusões, na verdade se alimentam de mitos criados pela incerteza do que se conhece a respeito. O fato é que ainda bàbálòrìsà, Ìyálòrìsà ainda continuam erroneamente a afirmar certas ignorâncias sobre o tema assim como, Àbíkú já nasce feito, Àbíkú não se raspa ou não se iniciam, entre outras coisas.
O problema é ainda mais grave do que se imagina quando a prepotência e o achismo tomam conta da vida sacerdotal. Se é preciso dar todo respeito e seriedade necessárias ao tema de muita complexidade e de muito estudo para realizar o tratamento adequado no que se diz a um Àbíkú.
Caso uma mulher dá à luz por vários anos em Natimorto ou perde seu filho em poucos anos de vida, Ifá nos ensina que não se trata de várias crianças pretendendo vir ao mundo, mas sim de uma única criança ou seja, não se trata de várias crianças diferentes, mas de diversas parições de um mesmo ser, que para a cultura yorùbá de origem maléfica denominado abi( nascido) = ikú (morte), ou seja, nascido/morrer, que vem ao ayé (terra) por um breve momento e retornar ao orún (céu) por várias vezes. Passando a trazer sofrimento aos pais neste processo de nascimento e morte de seu filho sem que ele envelheça.
Podemos procurar maior compreensão em oito itán odù – ifá, praticados através do oráculo sagrado de Òrúnmìlà, sistematizados em 256 odù, essa história nos revelam que, os Àbíkú formam uma sociedade denominada Egbé – òrún, (sociedade do céu), governada por Ìyájanjasà, governante feminina e Olókó governante masculino, sendo que é Obá Awayié (Rei), que as trouxeram para o mundo pela primeira vez em sua Egbé Awayié, é la que se encontra a floresta sagrada da sociedade Àbíkú ( egbé òrún), onde os pais devidamente acompanhados dos bàbálawo realizam os rituais específicos para cada caso de Àbíkú, com seus clamores e desejos para que eles permaneçam ao mundo.
Acredita-se que quando um àbíkú vem ao mundo é com um único objetivo de se trazer sofrimento aos seus pais.
O percurso dos Àbíkú em sua vinda de sair do Òrún (céu), passar pelo guardião entre os dois mundos Oníbódé órun (Èsù), seus companheiros seguem viagem juntos até o local de nascimento, que neste caso é a casa de seus futuros pais de onde se despedem, especificando o tempo de permanência e qual seu destino a cumprir. Sempre em grupos e inseparáveis.
Quando prometem aos seus companheiros que não querem se separar, mesmo com todos os esforços dos pais, o Àbíkú retornara para o encontro de seus companheiros.
É inserto precisar o período de permanência de um Àbíkú, mas se é correto afirmar que se não for realizado o ritual adequado ele retornará ao Òrún antes mesmo de atingir sua idade adulta. A um relato de uma mulher Yorùbá de que seu filho cujo nome seria Ilere ( a casa é boa), ao se realizar o ritual para a permanência da criança, Ifá revelar que ele avisa os pais que recusará todo alimento e todas as coisas que seus pais lhe vierem a oferecer neste mundo, e tudo que eles forem oferecer para ele, só aceitará no céu.
Em outro Itan Ifá nos revela que, quando Aláwaiyé levou duzentos e oitenta Àbíkú ao mundo, cada um deles ofereceram um pacto de permanência, alguns se declararam voltar ao céu logo após de ver sua mãe, outros que voltariam assim que se decidisse se casar, outro assim que sua mãe engravidasse novamente, outro lodo depois que começasse a andar.
Somente a consulta com Ifá através do Bàbálawo é que nos é revelado qual a oferenda a ser feita e que tipo de ritual deverá ser realizado, para cada ÀBÍKÚ existe um ritual de acordo com o pacto feito no Òrún que só é revelado atravéz da consulta ao òpèlé – ifá, e é somente um ritual com conhecimento que são capazes de reter a partida de um Àbíkú para sua sociedade, fazendo-os esquecer do seu pacto de retorno, rompendo assim com esse processo de vindas e idas em recimentos e falecimentos de uma criança de uma mesma mãe, Isto só é possível porque, uma vez passado a data de retorno seus companheiros perdem o poder sobre ele, assim rompendo o pacto realizado entre eles.
Para melhor compreensão destes rituais uma outra história encontrada em um odù – ifá é de uma caçador que ao chegar em uma aldeia teria uma mulher dando a luz a três crianças gêmeas, o pai das crianças então como se é de costume pediu ao caçador que abençoa-se seus filhos, ao chegar o caçador consulta ifa através do jogo sagrado do obí e aconselha aos pais a procurarem ajuda de um bàbálawo e que para primeira criança a nascer que nãodeixasse se queimar totalmente a lenha sob o pote que cozinhar os legumes para alimentar o bebe, não deixando que o fogareiro se apague por falta de combustível, para a segunda criança não deixe que rasgue o pano que carregar seu filho nas costas e para o terceiro, para nunca não dizer ao seu filho o dia de ir morar com sua futura esposa.
Os pais então vão a Egbé Ifá consultar para que lhe sejam revelados o futuro de seus filhos, onde lhes foram prescritos o ritual para seus filhos ÀBÍKÚ ultilizando:
1 tronco de bananeira;
1 cabra;
1 galo
Para que assim evitasse a morte de seus filhos, rompendo com o pacto realizado por eles. Porque, colocando o tronco de bananeira no fogareiro, ele nunca irá queimar por completo, fazendo com que o ÀBÍKÚ diga aos seus companheiros que o tempos de sua partida ainda não chegou. A pele da cabra oferecida para segunda criança reforça o pano que sua mãe utilizará para carregar seu filho, sendo assim a criança nunca verá esse pano se rasgar e assim não cumprirá sua promessa, a terceira o galo canta de hora em hora trazendo assim a incerteza de qual hora seria o momento de ir encontrar sua futura esposa, trazendo-a então a ela para morar na casa dos pais do terceiro ÀBÍKÚ.
Entre as oferendas que os fazem ficar na terra, existem também a indispensável uso das ervas litúrgicas, entre elas podemos citar:
Abíríkolo, Agídímagbayin, Idí, Ijáàgborin, Lara pupa, olobutoje, opa eméré
Obs: Para se utilizar dessas folhas se é necessário o profundo conhecimento do ofóespecífico para cada caso.
Somente um Bàbálawo pode realizar esses rituais e proteger os filhos àbíkú de uma família, realizando certos rituais como algumas incisões no corpo da criança ou ainda colocar na cintura de uma criança àbíkú o Ondè, uma espécie de patuá confeccionado em um saquinho de couro.
A junção de folhas com outros elementos juntamente com o encantamento (ofó) são colocados no corpo do àbíkú através das incisões que são feitas em rituais realizados nestes casos.
Mas nem sempre esses rituais são eficazes contra a partida dos ÀBÍKÚ, em alguns casos Ìyájanjasà é mais forte e consegue anular o poder dos encantamentos, Ìyájanjansà os atrairá de volta para o céu, os corpos dos àbíkú em terras Yorùbá são multilados ao falecerem afins de que eles não consigam retornar para a terra. Simbolizando assim, que aos espíritos dos ÀBÍKÚ ao verem os maus tratos desistam de querer vir para a terra.
Em terra Yorùbá se é possível encontrar pessoas Àbíkú já idosas com perfeita saúde, demonstrando assim a eficácia dos rituais realizados através da orientação de Òrúnmìlà realizados pelos bàbálawo – Ifá.
Alguns nomes dados propositalmente aos ÀBÍKÚ:
Àyiédù – a vida é doce
Àyiélagbé – nós ficamos no mundo
Akúji – o que esta morto desoerta
Banjókó – sente comigo
Dúrójàyié – fique e aproveite a vida
Dúróoríìke – fique para ser mimada
Èbèlokú – suplico que fique
Kòkúmó – não morra mais
Entre todas as oferendas também podemos citar:
Oká – pasta de inhame
Obèlá – parecido com o nosso karuru
Wole – feijão moído e cozido em folha
Èran dindi ou ejá dindi – carne ou peixe frito
Por tanto espero que todos consigam entender que ÀBÍKÚ nada tem haver com criança que não precisa de iniciação ou ain que já nasce feita no Òrìsà.
É PRECISO CUIDAR DE ÀBÍKÚ, PARA ELE NÃO VOLTAR PARA O CÉU
SÓ OFERENDAS PODEM RETER O ÀBÍKÚ
MOSETÁN FICA NA TERRA
OLÓÌKÓ É O GOVERNANTE DA EGBÉ ÒRÚN
ASEJÉJÀIYÉ FICA NO MUNDO NA DÉCIMA SEXTA VEZ
O ÁBÍKÚ VEM A TERRA ATRAVÉZ DE AWÀYIÉ
ÍYÁJANJASÀ NÃO PERMITE QUE ELES FIQUEM NA TERRA.
Os odù onde foram feitas as referencias são:
Oturopon meji, Oturopon yeku, Oturopon gundá;
Osé meji, Ogbé fun, Otura sa, Odi meji, Irete rosun, Obara Iroso.
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